A Quaresma: Pensar, olhar e caminhar…

A Quaresma é um caminho com sentido obrigatório para a frente. É um caminho sempre novo, que
não está feito: será feito por cada um e à medida de cada um. Não há nada igual para ninguém, a não
ser chegar ao fim deste projecto, que desembocará noutros sucessivamente novos.
É preciso, pois, antes de mais, fazer o projecto tendo em conta o destino e os objectivos que nos propomos
alcançar. Depois, é necessário pôr mãos à obra e ir construindo esse caminho, dia-a-dia, desbravando
florestas envelhecidas, densas e escuras, ultrapassando os empecilhos pedregosos e nivelando
os terrenos, endurecendo os espaços pantanosos, desenvolvendo novas “tecnologias” de caminho,
para finalmente chegarmos à visão de paisagens fantásticas nunca antes alcançadas.
Este desafio não é utopia! É um objectivo possível para gente forte e determinada. Para o conseguires
“Firma os teus passos. Afirma a tua Fé!”
somos invencíveis.
Olhar para trás, não!
Só pode haver uma excepção: se for para fazer contas à viagem realizada tendo em vista avaliar a
segurança do caminho feito, reconhecer os prejuízos causados pelos solavancos da estrada, assumir
a responsabilidade dos acidentes, tomar consciência do desleixo em relação à falta de combustível, à
reduzida pressão dos pneus …, e tudo o que impediu teres chegado mais longe e mais depressa.
Cuidado com a paisagem: conduzir fixando demoradamente a atenção na paisagem pode ser
perigoso e tornar a viagem mais demorada. Ficar todo o tempo parado a olhar para o lado impedirá
alcançar a meta.
As inversões de marcha são sempre proibidas porque nos levarão em sentido contrário. Se o fizermos,
então voltaremos ao pântano, do qual já tínhamos saído e onde poderemos correr o risco de
ficarmos tranquilamente acelerando o motor, mas sem gerar movimento.
. O segredo passa por aí porque Deus e eu, em comunhão,
A Páscoa: O tempo que não passa, o caminho que não termina.
Quem se põe a caminho e faz caminho alcança. Não terão sido alcançados todos os objectivos e a
Páscoa “morreria” aí. Há mais, muito mais para alcançar. A Páscoa será o ponto alto, para onde
orientamos toda a nossa caminhada, que nos vai proporcionar abrir novas perspectivas, novos horizontes
de vida, de fé, de esperança e de encorajamento. Ressuscitados com Cristo vivemos a Vida
Nova iluminados e conduzidos pelas novas energias do Espírito: A novidade em cada dia, que não é
apenas mais um, em cada trabalho, que não é apenas mais uma cruz pesada que nos lança por terra,
em cada passo, que não é um simples passo, mas o despertar para a nova ressurreição. Tudo isto
porque a Páscoa (Passagem), não é algo que passa e termina, mas toda uma vida e muitas vidas, com
a Luz do ressuscitado e a força de quem passa da morte para a vida diariamente.
Padre Costa Leite, Vigário Episcopal para a Educação Cristã

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