AS PALAVRAS DO PAPA FRANCISCO
Jorge Mário Bergoglio, o
Cardeal Argentino, foi o primeiro Papa a ser eleito, fora da geografia
europeia, um Papa que veio “ lá de outro mundo.”
Escolheu o nome Francisco, bem
significativo para todo o mundo, cristão e não cristão, e está a tentar mudar
profundamente a Igreja, ou pelo menos a perceção de que dela se tem. Todos
verificamos que está empenhado em dar-lhe um rosto mais humano, mais próximo,
mais sincero, com gestos e com olhares bem virados para os mais pobres, para os
mais desprotegidos, para os mais simples. Está a levar a arrastar para o
interior da Igreja os ares, as preocupações dos nossos tempos. Está a fazê-lo,
irradiando uma grande simpatia e de comunicabilidade exemplar. As palavras do
Papa Francisco suscitam e despertam em todos nós, que não ficamos indiferentes,
respeito, simpatia e admiração universal. É um HOMEM popular, com linguagem
acessível que todos entendem, que faz nascer novas esperanças, nesta Igreja a
que pertencemos e a estender-se a novos horizontes. As palavras, as frases do
Papa, obrigam-nos a pensar, a refletir e alertar.
Uma das suas últimas
intervenções junto de estudantes universitários, a frequentarem um Curso de
Justiça Canónica, não pode, não deve ficar indiferente. O Papa pediu à Igreja
celeridade nos processos de anulação matrimonial e defendeu a gratuidade.
Diz-nos O Papa que “ há tanta gente à espera que a Igreja se pronuncie sobre a
sua situação matrimonial. Alguns processos são tão longos e pesados que as
pessoas se cansam e abandonam-nos.”
Segundo o Papa Francisco, “a
Igreja tem de fazer justiça e dizer sim, o teu casamento é nulo. Dizer não, a
tua união matrimonial é valida. Tem que se definir, tem de se decidir. É justo
dizê-lo.” Estas palavras do Papa são muito oportunas e muito válidas. E o Papa
terminou a sessão com os Estudantes, revelando ter despedido um oficial do
Tribunal Eclesiástico, apanhado a oferecer-se para facilitar a anulação de
casamento a troca de dinheiro e um outro por ter recebido oito mil euros por
tratar de ambos os processos o civil e o eclesiástico.
Sabemos, temos conhecimento de
casos que se arrastam “ad aeternum” à espera de uma decisão que nunca mais
chega. Aguarda-se que a um conjugue lhe aconteça o falecimento e o caso está
resolvido por natureza. Infelizmente como esse milagre não acontece e não há
solução divina, muitos cristãos cansam-se e abandonam a Igreja, que deve ser
Mater e nunca uma madrasta. Há necessidade de ter coragem para tomar decisões e
por fim a casos dolorosos e que conduzem a caminhos irreversíveis.
Sabemos por experiência
profissional, o quão angustiante e ansioso é o tempo que antecede uma sentença
judicial, com um desmedido grau de instabilidade social, emocional e familiar.
Há pouco tempo também terminou
em Roma os trabalhos de um Sínodo “ o Sínodo é a Igreja em movimento”, que foi
alargado às bases, cujo tema foi os desafios pastorais da família. E mais uma
vez o Papa, apelou para todos os intervenientes de “ falar claro, sem
hesitações e sem medo e que ouvissem com humildade”.
Segundo Francisco Azevedo,
autor do livro “ Óleo de Palma”, escreveu que “ A Família – Um Prato difícil de
preparar.”
É importante salientar que
depois das sessões sinodais, o Papa volta a afirmar: “ agora temos ainda um ano
para maturar, com verdadeiro discernimento espiritual, as ideias propostas e
encontrar soluções para tantas dificuldades e os inúmeros desafios que as
famílias devem enfrentar; para dar resposta aos numerosos motivos do desânimo
que envolvem e sufocam as famílias.”
Será que as palavras do Papa
vão cair em saco roto? Como escreveu, José Tolentino Mendonça, “ o que debilita
a Igreja são os falsos unanimismos ou empurrar as questões difíceis para
debaixo do tapete.” Digo, não é bem para ninguém.
António Alves Fernandes
Aldeia de Joanes
Novembro/2014
Comentários
Enviar um comentário