Em nosso relacionamento com Deus, podemos chegar a este nível de
intimidade, pela prática da Oração do Silêncio. Quando entramos na Oração do
Silêncio, começamos a descobrir quem somos e aprendemos a descansar no amor de
Deus. Entrar nesta Oração do Silêncio, diante do SSmo Sacramento, supõe
crer que a Eucaristia é uma PRESENÇA,
isto é, supõe, firme e amorosamente crer que Jesus está presente na Eucaristia.
A ORAÇÃO DO SILÊNCIO é o lugar onde
descobrimos nossa verdadeira identidade. Tomas Merton, monge trapista, escreveu
muitos livros sobre o tema da contemplação. Nos seus livros, analisando a
sociedade de hoje, afirma que o maior problema da sociedade moderna é o que ele
chama de crise de identidade. As pessoas não sabem quem são. À pergunta: Quem é
você? segue como resposta: “Eu sou advogado, médico, professor, mecânico”, etc.
As pessoas colocam o acento no que fazem e não no que são. Valoriza-se a
produtividade, pauta-se a vida no consumismo. A modernidade está marcada pela
cultura do ter mais (dinheiro, casa maior e melhor, o carro do ano, a grife do
momento, etc.). Segundo Tomas Merton estamos numa cultura hiperprodutiva e
hiperativa. E, como resultado desta hiperatividade e hiperprodutividade,
desconhecemo-nos a nós mesmos. Perdemos a capacidade de estar a sós conosco
mesmos.
Para ilustrar esta realidade, segue a historinha: A MULHER DO PREFEITO
Morreu a mulher do prefeito e chegou ao céu. O porteiro, São Pedro, lá não
estava. Esta vez era Jesus o recepcionista. A mulher estranha… e pergunta:
- “Por favor, onde está São Pedro”? Respondeu Jesus:
- “São Pedro está trabalhando na porta do céu, há mais de 2000 anos sem ter tido folga alguma. Assim decidi mandá-lo, de férias, para o Hawaí, a fim de bronzear-se”.
E, voltando-se para a mulher do Prefeito, diz:
- “Benvinda ao céu! Quem é você?”
Ela pensou consigo mesma: Se alguém deveria saber quem sou, seria Jesus. E
de pronto diz:
- “Eu sou a mulher do Prefeito!” E Jesus responde:
- “Eu sei que você é a mulher do prefeito, mas não lhe perguntei a respeito de sua posição social, dentro da comunidade. Quem é você?” E ela:
- “Eu sou uma esposa e uma boa mãe”.
Mas eu não lhe perguntei a respeito dos papéis que você executa, na sua
família. Quem é você?, pergunta Jesus.
Agora a mulher está começando a ficar nervosa e diz:
- “Eu dei aula durante 42 anos”. E Jesus:
Sim, eu sei você era professora. Você ajudou a muitos meninos e meninas.
Mas não lhe perguntei pela sua vocação, pela sua profissão. Quem é você? Bem
mais nervosa, ela diz:
- “Mas, Jesus, Jesus! Eu fui à missa e à santa comunhão, cada domingo, durante 72 anos!” E Jesus responde:
- “Eu sei que você era uma mulher muito devota e piedosa. Mas, não lhe perguntei a respeito de suas práticas religiosas.” Quem é você? E ela:
- “Eu não sei”. E Jesus diz-lhe então:
- “Devo mandá-la de volta para a terra, até que você descubra quem você é”.
Tomas Merton, nesta análise
crítica do homem moderno, afirma que a maioria das pessoas de nossa sociedade
contemporânea, não sabe quem são. Identificam-se com aquilo que fazem e, em
conseqüência, não sabem quem são.
Por isso, a oração
pessoal, a contemplação é importante. Desde o início aqui falamos da ORAÇÃO DO SILÊNCIO, que Tomas Merton propõe para a
pessoa precaver-se de ser contagiada pela hiperatividade e hiperprodutividade.
Neste Ano da Eucaristia,
praticar a ORAÇÃO DO SILÊNCIO, diante do
SSmo. Sacramento, pode ser um começo para então tornar-se um salutar hábito de
vida.
Em que consiste? –
Trata-se de um verdadeiro exercício. Vamos propô-lo:
Colocando-se
diante da Eucaristia, seja numa Igreja ou numa capela, após breve adoração,
procure sentar-se confortavelmente; acolha a si mesmo/a e afaste todas as
preocupações, isto é, acalme-se. Inspire, dizendo: “Em nome do Pai e do Filho”
e, expire, mentalizando…”e do Espírito Santo”. Tome consciência de que você é
morada do Espírito Santo. Repita este exercício 4 ou 5 vezes. É o exercício da
SERENIDADE. Diga agora ao Senhor: “Senhor, quero passar este tempo com você,
acolher seu amor e descansar no seu amor”.
Agora acolha o SILÊNCIO e
faça silêncio. Esvazie-se e entre em silêncio total. Permaneça assim, mesmo
ocorrendo pensamentos de distração. Responda a eles com determinada Palavra que
você escolheu, por exemplo: JESUS, JESUS! Fale esta palavra para dentro do
pensamento estranho que lhe ocorrer e desviar sua atenção. Assim você volta ao
Silêncio total. Talvez consiga mantê-lo por 2-3 minutos e pode então ocorrer
outra interferência de pensamento estranho. Proceda da mesma forma como acima
indicado.
Neste silêncio total você
é presença diante de uma PRESENÇA, em solidão, diferente de solitário. É
SOLIDÃO fecunda que faz acontecer a descoberta de você mesmo/a: sua riqueza,
seus dons, seu valor diante de quem o/a ama.
O silêncio é a primeira
linguagem de Deus. Oração não é algo que nós fazemos para Deus. Oração é algo
que Deus faz por nós. Na ORAÇÃO DO SILÊNCIO damos nossa atenção a Deus e o
Espírito Santo começa a trabalhar em nós; inicia um processo de purificação, a
purificação desde o interior onde nascem as reais motivações de nossos atos. Na
medida em que crescemos na capacidade de entrar em silêncio, começamos a ouvir
Deus falando em nós. E Deus diz: “Você é
meu filho muito amado. Você é minha filha muito amada. Eu te amo”! Esta é a
nossa identidade radical. Viemos de Deus e estamos voltando para Deus.
Concluindo, a oração é
este momento em que damos atenção a Deus e Deus nos revela quem nós somos.
Assim quando cada qual chegar à porta do céu e Jesus perguntar: Quem é você?, com certeza você dirá: EU
SOU SUA FILHA AMADA! EU SOU SEU FILHO
AMADO!
E Deus dirá: SIM, VOCÊ É …!
Entra, e viva para sempre comigo.
Ir.M.Fátima
Maldaner
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